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Entrevista | Presidente da Fecam diz que prefeitos terão maior desafio da vida após pandemia

Por: Marcos Schettini
09/04/2020 11:23
Fecam

Saulo Sperotto é um municipalista respeitado. Prefeito de Caçador pela terceira vez, o tucano também lidera os demais chefes municipais ao presidir a Federação Catarinense de Municípios (Fecam). Com grandes desafios nestes tempos de pandemia, com experiência por passagem pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Sperotto diz que os desafios com o coronavírus serão históricos para os gestores públicos, época em que será necessário capacidade e competência.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, o presidente da Fecam deu um quadro real das dificuldades dos municípios, afirmando que a queda na arrecadação do ICMS será superior a 50% nos próximos meses. Ainda, falou sobre o embate ideológico e científico, afirmando que a “saúde e proteção à vida tem a ver com ciência, métodos seguros e testados”. Confira:



Marcos Schettini: Qual é a realidade dos municípios hoje?

Saulo Sperotto: Prefeitos e prefeitas enfrentarão os maiores desafios de suas vidas. O Brasil precisa se preparar para um cenário de desafios nunca antes enfrentado. Vamos ser testados como sociedade e os serviços públicos passarão por grande provação, por falta de recursos e capacidade de prestação de serviços. O momento é de angústia e apreensão. Qualquer cenário é precário e bastante assustador.


Schettini: Financeiramente a crise baixou a arrecadação. O que fazer?

Sperotto: Os municípios catarinenses trabalham com queda significativa de arrecadação própria e a previsão estimada de perda na arrecadação do ICMS nos próximos meses é superior a 50%.



Schettini: O governador de SC mantém o decreto de quarentena. É a melhor maneira?

Sperotto: As experiências do mundo inteiro têm demonstrado que o enfrentamento à pandemia exige restrição e isolamento social. Infelizmente vamos ter que conviver com essa política que, até agora, foi a única eficaz para suplantar os impactos junto à população. É uma violência, mas os governantes não têm outras opções. Vamos ter que aguentar firme. Buscar equilíbrio entre manter as pessoas em casa, com consciência de que a fase é delicada para sair se não tem necessidade e garantir que a economia possa atuar, com algumas restrições.


Schettini: O presidente Jair Bolsonaro em disputa com o ministro Mandetta ajuda em quê?

Sperotto: Não é uma experiência positiva. O Brasil precisa unir forças. Não é hora de política, é hora de enfrentar uma das situações mais graves de nossas vidas. A Fecam tem esse compromisso: unir forças, mediar, ajudar e compartilhar esforços. Precisamos atuar solidariamente com todas as instituições.



Schettini: O certo é abrir ou fechar?

Sperotto: A ciência e a experiência de todo o mundo demonstram que é preciso fechar. O grande desafio é fazer isso de modo a assegurar serviços essenciais e a assegurar o mínimo de estrutura econômica. Depositamos na matemática nossas expectativas e, nesta semana, o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, recomendou flexibilização de medidas restritivas para Estados que não tiveram comprometida mais de 50% da sua capacidade de atendimento à população. Mas é muito importante nós todos sabermos que o mundo vai ter crise econômica com ou sem fechamento de comércios e toda estrutura que gira a economia. Faz parte, infelizmente, desse momento de crise e desafio.



Schettini: E se a contaminação explodir? De quem é a culpa?

Sperotto: Não podemos buscar culpados, mas sim condutas que enfrentem essa tragédia. Não vamos buscar culpados. Vamos buscar soluções e unir esforços para salvar vidas, proteger pessoas e lutar de mãos dadas.



Schettini: A solução seria testagem para saber o mapa do vírus. Como fazer isso?

Sperotto: A testagem faz parte da estratégia e deve aumentar nos próximos dias no Brasil e também em Santa Catarina. Lembrando sempre que faltam insumos e estrutura de testes no Brasil todo.



Schettini: Quem está certo? Ciência ou ideologia?

Sperotto: Saúde e proteção à vida tem a ver com ciência, métodos seguros e testados. A ideologia precisa esperar.



Schettini: A Fecam soltou uma Nota Oficial e está exigindo o quê?

Sperotto: A Federação quer mais objetividade e dados sobre o projeto estadual de infraestrutura que está sendo preparado em saúde para proteger nossa população. Mantemos nossa posição de continuar avançando na gestão da crise, com responsabilidade entre saúde e economia. Precisamos de equilíbrio, responsabilidade e sabedoria. Também queremos entender melhor o panorama de crise, ou seja, o pico de quando a doença estará no auge em nosso Estado. Estivemos desde o começo sempre atuando junto aos governos, com muita pro atividade e continuaremos fazendo isso. Determinar estratégias e atuação junto aos municípios neste momento, é imprescindível. Temos essa missão de fazer chegar a informação nos 295 municípios catarinenses e unir esforços para que tudo volte ao normal, o quanto antes.


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